Crítica | Avatar: o Caminho da Água (2022)

Análise do filme dirigido por James Cameron

Wéverton Rodrigues
1,K Visualizações
Crítica de Avatar - o caminho da água

Sully e Neytiri constroem uma família no planeta Pandora. Em meio a uma rotina de convivência harmônica com a natureza, eles enfrentam batalhas pela sobrevivência e têm de suportar o peso das eventuais perdas pelo caminho.

Estabelendo um universo próprio com mérito

Pertencimento é, certamente, o ponto mais forte do universo único e autêntico de Avatar. O Caminho da Água consegue sustentar suas escolhas da mesma forma que o primeiro, embora não seja uma tarefa fácil. A forma como o primeiro Avatar introduziu Pandora criou uma originalidade para o desenvolvimento da sequência da franquia, mesmo que, a exemplo da obra inicial, o enredo não seja o forte aqui. Depois de um primeiro filme que explora bastante o senso de família, o segundo expande esse termo dentro da própria espécie autóctone retratada no longa, neste caso, a clã oceânico Metkayina, central na trama do segundo filme, trazendo ainda mais propriedade para a espécie em questão e espantando os olhares tortos de quem ainda não havia comprado a ideia da proposta.

As convenções nas escolhas do enredo podem até incomodar em certa medida, mas são, no final das contas, justificadas, sobretudo quando Cameron explora os elementos próprios do universo criado. Dessa forma, considere-se ainda que, mais do que uma possível glamorização do colonialismo, como se chegou a apontar, há aqui a representação da luta e da resistência de um povo, chamando a atenção para o público sobre os efeitos da exploração e como isso pode mudar a estrutura da sua organização e da sua autopercepção (mesmo que mantenha o que há de mais importante: os laços). O final do filme retrata muito bem isso: os dramas de Jake Sully e de Neytiri em relação aos filhos, Spider salvando o corpo de Quaritch, seu pai biológico e combatente da RDA, do fundo do Oceano, e por aí vai…

Ainda assim, as sequências da franquia podem explorar um pouco mais o sofrimento que muitas culturas indígenas sofrem ao redor do mundo, ampliando melhor essa percepção externa acerca deste tão urgente problema humano (e Na’vi), e também a ideia da autopercepção dos nativos depois de tanta luta e sofrimento em prol de apenas sobreviver face às investidas brutais e sem piedade do colonizador sanguinário.

Desde as incríveis cenas gráficas do filme até os interessantes momentos no enredo do longo, uma das coisas que podem ser destacadas é a conexão de Kiri com o fundo do mar, cuja criação na narrativa foi testemunhada pelo público em cenas antes. E é justamente isso que traz um elemento bastante importante no final, quando ela usa seus poderes para invocar os brilhantes vaga-lumes subaquáticos, os quais ajudam Neytiri e Tuk a encontrarem o caminho de casa (nesse caso, o caminho de saírem de entre as ferragens da embarcação de caça, onde acabam presas, e, em seguida, irem de encontro ao restante da família).

Nesse sentido, a sensação que fica é a de que, se trabalhados com bom senso e consciência (e, claro, criatividade), os próximos roteiros podem continuar explorando Pandora como apenas histórias como Star Wars e Senhor dos Anéis (guardando as devidas proporções cinematográficas, sobretudo em termos de narrativa) conseguiram fazer com propriedade na história do cinema, mostrando que ele não é apenas uma simples desculpa para portar a história, mas de onde tudo deve partir.

Nota:  ⭐ ⭐ ⭐ ⭐

Trailer

Ficha técnica

  • Título: Avatar: The Way of Water (Original)
  • Ano: 2022
  • Direção: James Cameron
  • Estreia: 16 de Dezembro de 2022 (Brasil)
  • Duração: 192 minutos
  • Classificação: Não recomendado para menores de 14 anos
  • Gênero: Ação/Aventura/Ficção Científica

 

Artigos Literários

Deixar Comentário